Que na sombra de uma vida
Reluza em mim
Um feixe de sua luz
Como eu gostaria
De retê-la em meus olhos.

Hoje de repente
Na solidão do meu quarto
Eu chorei...
Chorei todas as mágoas
Chorei todas as dores

Mas outras logo aparecerão
Ironia da vida...
Afinal sou humana,
Sou mãe da genética modificada
Sou filha que sente tanto sua falta, mãe...

E minha herança genética é tão bonita..
Inquiri-me todo dia a lutar...
Mesmo que o corpo peça um rio...
Uma areia macia, uma grama... Até uma nuvem...

Não tenha dó do meu filho...
Nunca tenha dó...
Sua genética é de anjos caídos na terra...

Não sofra por mim...
Não sou digna que chores,
O amor me alivia.. Sustenta-me, me fortalece...

As pessoas me subjugam...
As aparências frágeis contem forças ocultas...
Porque a casca é dura...
Mas a alma é doce...

A mente falha às vezes
Mas o coração nunca cede
Como se não pudesse perder o rumo
Manter o prumo, mesmo cambaleando.

Eu perdi lá atrás minha identidade
Mas quem se importa...
Vivo para guardar-lo dos predadores
Eu sei, tenho que solta-lo na vida.

Mas que vida?
Não nasceste com malicia
A genética tirou-lhe essa parte humana...
E nesse mundo sem escrúpulos
Tu és uma presa fácil..


Preciso sair,
Destrancar meus cadeados
Abrir a porta da esperança
Venha filho, calce suas sandálias.
Vamos admirar as estrelas de outono
Caminhar sem destino...

Sentar na esquina da nossa crença
Cantar sua musica preferida...
Esquecer a dor, a realidade, a genética.
E que o tempo nos espere,
Pelo menos por algumas horas....

Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

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