Eu pensei em gritar
Espernear... Falar mal
Imaginar o quanto ser humano é falho...
E a graça é denegrir... Rir da fraqueza alheia...
Que pena...

Nada demais... Fazer piada da limitação do outro
Nada demais, fingir que sentiu muito...
Eu pensei, talvez se eu não tivesse você
Também riria, acharia graça dessa tosca comédia
Mas nem posso imaginar
Se eu seria tão cretina a esse ponto...

O respeito se aprende na infância...
O preconceito se adquire com convivência distorcida
De uma sociedade doente...
Nada demais falar de autismo, afinal é uma doença...
Como se por dentro da doença
Você não existisse... Não sentisse, fosse de Gelo...

Quanta intolerância e hipocrisia...
A! Querido Shakespeare...
A sua tragicomédia, ou seu drama do amor proibido...
Faz falta nessa sociedade fria, e sem amor...

Aonde o engraçado e rebaixar o outro a ínfima situação...
Que pena meu filho, me perdoa...
É na sociedade que eu te coloquei...
É essa sociedade que eu queria que te acolhesse
Quando a mãe partisse...

E todos os dias eu peço, um pouco mais de tempo...
Para que na maturidade de sua alma criança
Você pudesse aprender o mínimo para se defender...
David na cova dos leões...

Mas como pensar em minha vida sem você
Doce rapaz, puro, cheio de manias...
Que às vezes me cansa, e às vezes me encanta...
Mas vamos seguindo, esperando pela dádiva
Do amanhã mais humano, um mundo mais justo, e nós também,
Vencendo nossas próprias limitações
Para curar os corações vazios de amor...
E amar, até mesmo aqueles que nos magoam, amém!

Autora
Lei Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

Autora
Lei Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

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