O que queres que eu diga?
Nessas horas repetidas
Não quero pensar a vida
Que me vale remoer-me?
Nas recitas cansativas.
Queres que eu escreva da alegria
Que eu a relate em poesia
Mas há em mim um cansaço de sorrisos,
Não, não é cansaço de felicidade,
É um estado de coisa concreta,
Essa que eu não queria...
A vida não é o bastante
Para quem ama...
A vida é quase um sopro
E a melhor forma de vivê-la
É senti-la...
Na água que desce da cachoeira
No colo manso da pessoa amada
Quase esquecida,
Quase distante,
Quase proibida...
O queres que eu sinta
Se o meu sentir de mim foge...
E a minha alma quer alcançar a Deus
O Deus que em mim habita
Que não me condena, nem me critica
O que queres que eu diga?
Não sei embriagar-me...
Não sei colher flores.
Odeio pássaros presos, seres presos
Se ao menos por fora eu fosse
Interessante como sou por dentro,
Mas o que importa a matéria?
Um traço aqui, outro ali...
O tempo escavando experiências.
Vidas mortas pelo esquecimento...
Não sei o que queres,
Não sei o que eu quero
No lugar dos palácios, desertos
Ruínas a beira mar...
Não sei...
Autora
Liê Ribeiro
luz e paz...
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