Parecem séculos
Que não te olho e te toco
Ouço-te cantando pela casa.
Seus passos repetidos...
No quintal com chão gasto.

Em qualquer lugar que eu vá...
Imagino-te lá...
Correndo pelos campos
Buscando-me com olhar.


Quando poderemos
Retomar nossas vidas?
Essas férias necessárias
Mas às vezes tão prolongada.


Mas toda  lógica
Que se esvai nas nuvens
De o meu pensar...
E a solidão que me espera
Todos os dias,

Na porta da casa sem você.
Mas havia um esgotar de repertórios
Em nossa rotina
Tínhamos que nos separar.
Lua e sol , por instante.

Tínhamos que redescobrir
Que somos temporários na vida
Passageiros individuais

De nossa  história...

E que asas cortadas
Faz de nós pobres expectadores
De um destino que não nos pertence


Mas não posso negar.
Que há um vazio de vozes e seres
Um dia inesgotável de possibilidades
De uma rara liberdade


Que mal sei o que fazer com ela...
Prefiro ouvir musica
Arrumar os objetos
Rebuscar meus papeis


Ler meus livros
E esperar o tempo passar
A noite que me reveste
De um silencio mortal.



Mas uma voz dentro de mim
Diz-me:
Não se torture,
Na temporariedade do existir

Quem foi, um dia voltará
E para quem ama
A eternidade é sempre uma meta...


Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.


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