Gabi e vovó.


Às vezes eu temo

Por essa paz em que vivemos...
Temo por perder-te para o fato,
De um dia nos separarmos.

Essa nossa cumplicidade de alma
Essa nossa realidade escavada
Entre todos esses anos...
Nos fez sobreviventes.


Duras horas que se cumpriram.
Eu saio para vida,
E você me acompanha,
Hoje vi seu semblante triste


Ao ver a morte exposta
De um corpo inerte no caixão.
Vi que você não ficou indiferente
No seu olhar vi um relance de lágrima


Há tanto tempo escondida.
Vi que ficaste pensativo.
De repente me veio à lembrança da vovó
Quando olhaste para ela
E disseste linda e ela partiu...


Eu senti medo, filho.
Como será sua passagem?
Entenderás que aos poucos
Todos nós partiremos,
E na estação da vida,


Talvez você precise seguir,
Rezo...
Que nunca seja sozinho...
Que um anjo amigo
Pegue-lhe pela mão


E te leve para casa...
Hoje o dia foi triste,
Mas suas mãos procurando as minhas.
Seu sorriso a me ver ao seu lado.
Me fez ter força...


E fé pelo que virá...
E vejo que aos poucos
Você vai abrindo
A porta da sua casa interior
E a brisa do meu carinho


Vai te fazendo confiar...
Pode acreditar...
Há dores por todos os lados
Mas há uma vida inteira


Para você conquistar.
Eu não sei avaliar o que é pior
Ou o que melhor.
Mas creia você pode,
Sempre poderá vencer seus limites.


Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

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