Mãe não tem dia, são todas as horas!
Mãe,
Porque tens
Que ser a flor?
Quando na verdade
Tu és a raiz...
Porque ser completa?
Sem não tens a receita pronta.
De como sê-la;
E se o fato concreto
É que aprendemos da marra.
O oficio de ser mãe.
E quem escreveu que seria fácil!
Talvez um sonhador contumaz!
Para justificar nossas limitações
De mulher, de mãe.
Afinal mãe é humana.
Não és caçadora, mas a caça
Não és escolhedora de teu destino
Tu não és uma palavra somente
A terra que germina toda semente.
Mente quem a coloca num pedestal
Queres a realidade de um amor
Que sendo incondicional
Mora dentro do seu coração.
Mesmo que ninguém a ame.
Não devem desenhá-la
Como a parideira de vidas.
És mais, quando choras
Por um filho que jamais chegou.
Por outro que mesmo presente
Jamais fez questão de enxergar-te.
Quantas vezes quisemos desistir
Largar tudo e seguir outra estrada.
Porque não?
Mas quantas noites de puro amor.
Vigiamos nossas crias.
Lambemos as feridas deles?
Choramos as dores deles?
Porque não?
Mãe felina, a fera selvagem
Quando desejamos ser na verdade a mansuetude.
De uma noite calma.
Porque temos que ser exemplo?
De algo que não distinguimos.
A personificação da perfeição
Para que?
Para quem?
Qual o sentido?
Se nós movemos montanhas
Para proteger a quem amamos
Já não basta, amar?
Mãe!
Porque temos
Que ser a manjedoura
De um mundo agonizante?
Não há palavras
Que defina exatamente
O que somos do que queríamos ser.
Numa manhã nos tornamos mulher.
Na outra concebemos.
Entre a Imagem e a semelhança, quantas distorções.
Então gritemos que nos respeitem.
Então mostremos que não perdemos a identidade.
Quem se importa?
Mas toda mãe...
Conserva na alma,
A maternidade,
Dizem os sábios de plantão.
Que maldade
Querer-te sem falhas...
Não ver-te pessoa,
Não amar-te sem cobranças...
Não analisar-te sem culpas.
E numa simples palavra
Preservar-te o direito
De pecar, de sofrer,
De amar, de falhar,
Quantas vezes forem necessárias.
Tal é a lei da causa e do efeito
Somos mãe.
Pela metade mulher.
Pela inteira complexidade do amor.
E mesmo sem amar, somos mãe
E mesmo sem ser amadas, concebemos.
Mesmo com a extinção de toda humanidade
Seremos para sempre Mães!
Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.
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