Às vezes eu acho
Que escrevo demais sobre você
É que eu te vejo além do autismo
Vejo-te feliz e sorrindo
Vejo-te perfeito...
Ai! Como sou metida.
Talvez as pessoas também me vejam assim.
Mas é verdade
Eu te chamo para dançar
E você vem... Roda e sorri
Eu te chamo para cantar
E você olha nos meus olhos
E canta junto comigo
Eu te chamo para sair
Você logo pega o tênis e sorri
Ajuda-me a carregar meus pesos
Com cara de quem vai solta-los
Ao primeiro sopro de vento.
Às vezes você me irrita por demasia...
Mas a intolerante sou eu...
Afinal o que eu quero,
Não é o que você quer.
Essa diferença de pensares
Não nos distancia...
Você pensa por partes
Você não forma conceitos
Você não exige resultados
Espera e dá o que lhe é capaz
Ai, eu me enquadro,
Coloco minha violinha no saco
E te sigo, como quem somente
Espera de ti...
Aquele velho sorriso
Aquela maneira peculiar
De estar no mundo...
Por isso acho que até nas nuvens
Eu escreverei sobre você meu filho!
Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.
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