Faz tanto tempo!

Que nem me lembro
Como se escreve
Em letras legíveis
Felicidade!
Ruas e vielas
Todo trajeto
E no fim do porto
A solidão do mar
O pescar das gaivotas.
Meus pés estão cansados
Descalços...
Caminham na areia fria
Há uma dor de retidão
Há um cume sem imensidão.
Faz tanto tempo
A ilusão de um grande amor
Que não sucumbiria a rotina...
O amor é resistente
Mas aparentemente somente...
Faz tanto tempo.
Que a mocidade nos compelia
A varrer as sobras da vida
Para um futuro distante,
Afinal a eternidade
Parecia real e atingível

Na mais cruel das perspectivas
Vagamos por sonhos e pesadelos
E aprendemos
Que o marujo sem o mar morre
Que o pássaro preso na gaiola
Esquece a beleza do céu...
Que o amor sem magia
Torna-se um sentimento menor.


______________________


Há uma lágrima
Que insisti em não cair
Uma secura de boca
Uma vontade de estrada
De vento a soprar poesia
De tempestade varrendo a rotina
Há uma gota...
Que anuncia que chovera...
Na roseira,
Na terra...
Em minha janela
Lavando toda dor
Para que eu a aprecie
O fim de tarde
Começo de noite
Do dia frio
Da vida escusa
Da lida dura!
Mas há uma palavra
Que ainda não foi dita
Uma vida que não foi vivida
Nesse mundo de esquecimento
Nesse retrato sem rosto
Nesse habitar de pessoas
Vazias e cansadas.
Mas há uma felicidade
Que se esconde dos mortais
Alias a felicidade não é desse mundo
Quem sabe viva somente
No mundo dos autistas!


Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

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