Dias inquietantes
Eu sinto falta
Daqueles dias à toa
Vestindo pouca roupa,
Descalço pés e alma.


Mas na corrida do tempo
Falta-me poucas horas de serenidade.
Um momento de carinho
E toda mágica esquecida


Na lida, da lida pára que?
Essa corrida contra o vento
Tempestade e neve
Arida manhã de luta.


Essa repetição de tarefas
E a crueldade da ganância
Que impede a luz...
Escuridão de pensamentos


Dinheiro, dinheiro
E somente a paz de espírito
Tornar-nos-á felizes.
Mas como falar para surdos


Como mostras para os cegos
Que a falta de audição não é física
Que a cegueira é de amor.
De amor ao próximo.

Dias de dor
Quem vestirá nossa pele,
Quem limpara nossas feridas
Elas sangram por tantas vidas.

E aquela palavra que falta
Nas bocas vazias.
Nas mentes psicanaliticamente ocas.
Cheias de razões impertinentes.

Eu, você, eles o que somos?
Meros seres perdidos
Que somente buscam
Ser ao menos um pouco humanos

Em nossos atos.
Calamos, enquanto tantos gritam
Gememos nossas dores
Enquanto tantos são indiferentes

Não podemos abrir mão dos nossos
Pedaços falhos que vieram de nós
Não podemos ser somente humanas
A divindade nos cobra
Ser mais, doar mais,

Mas quem nos abrigará em seu seio?
Quem entenderá que o cordão não é físico
É espiritual, transcende ao nosso querer...
Pois há dias assim inquietantes.

Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.

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