No que devo acreditar?
Passei o dia ouvindo melodias
Segredos e miragem.
Criando álibis
Para não me justificar.
Eu tinha que labutar
Mas tenho uma preguiça milenar
Algo de descontentamento
Da mesma usualidade.
Um teto
E todo vazio
De pessoas nela habitada
Um relógio na parede
Para te avisar das horas
Do quanto perdera tempo
Em buscar o melhor do nada
Tirar água da pedra
Cavar terra sem o ouro do saber.
Lavoura de sementes inférteis
São esses dias de correntes de vento
Quente, muito quente
Que nos impede de raciocinar
E deixa a vida Arida.
Vem a primavera,
Inquieta, perdida
Sem entender
Das flores que não nascem mais...
Dos jardins secos e queimados.
Eu,
Vou costurando minhas meias
Vou cozendo meu jantar
Preciso lavar-me,
Queria andar nua
Sem janelas, sem olhares.
Queria molhar meu paladar
No beijo mais puro...
Queria viver de poesia
Somente de ela me abastecer
No beiral do abismo, o mar
Jogar-me e não me afogar...
Nem sei o que realmente sinto.
Oasis aqueles momentos findos.
Vamos andando, seguindo
Os passos dados vão se apagando
Rostos vão sumindo
Memória luta para não apagar de vez.
E quem dera a poesia
Fosse longa como a vida
Que segue mesmo sem mim
Do relógio que mesmo parado
Lembra-me que já é madrugada
E devo adormecer...
Quem sabe, amanhã choverá
Como dizia Tom, nas roseiras
Quem sabe eu entenda mais de mim...
E não sofra tanto por ser assim!
Autora
Liê Ribeiro
Paz e luz...
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