Perdoa-me por achar-te bem-aventurado
E todos iguais a você também...
Perdoa-me por vivermos
Assim em harmonia...
Eu com minha incoerência existencial
Você com sua paciência milenar.
Quase nos perdemos.
Quase lhe arranquei de minha esperança
Quase a tempestade nos varreu
Perdoa-me por admirar teu sorriso
Teu carinho cavado a tantas vidas.
Perdoa-me,
Eu ter a pretensão de ser feliz
Perdoa-me por sofrer pelos desencontros
Onde a ti eu mais envolvi...
Perdoa-me por chorar abraçada a ti
E sentir o teu acalento
Sinto falta de ver-te chorar...
Nem me lembro mais quando foi.
Não para ver-te sofrer
Mas por sentir...
Porém seu abraço suave
Suas mãos limpando minhas lágrimas
Fazem de mim, uma pessoa menos descrente.
Mas perdoa-me por amar-te acima de tudo
Até de mim mesma
Nada ainda aprendi da vida.
E sem a perspectiva de outras tantas.
Vou limpando meu interior
Vou cumprindo meu destino
Na solidão da poesia
Na casa abandonada cheia de janelas
Na varanda sem a cadeira
Da estrada sem a chuva
Do passado apagado
Por toda covardia do presente.
Perdoa-me meu irmão,
Meu filho, meu eterno amigo
Perdoa-me por entregar a ti
A chave do meu coração
Quando eu me for
Jogue-a ao mar que nunca vi...
Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.
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