Eu não sou perfeita!
Aqueles que me julgam
Temo pela intolerância
Temo pelas circunstâncias
Sombrias que o mundo passa.
A esperança é traiçoeira
Sempre há os porquês?
Podemos dormir uma pessoa
E acordar sendo outra?
Sentimentos!
Podemos ensiná-los
A quem os perdeu?
Ou sentiu dificuldade
Em expressa-los na sua plenitude.
Seus neurônios estragados
Consertados
Entenderiam o que eu sinto?
Carregar por anos
Uma pseudo culpa pelo seu autismo
E depois carregar
A decisão de consertá-lo
Para que possas recomeçar
De qual ponto mesmo?
Seria melhor que voltasse
Para meu útero
E lá reconstruíssemos
Nosso começo...
Deveria eu vibrar não é?
O que é cinco, dez anos
Para quem conviveu
Vinte dois anos
Com seu autismo...
Uma montanha russa
Que muitas vezes
Deixou-me enlouquecida
E outras me fez chorar de alegria...
Mas como um pingo
Ainda não é uma chuva
E eu já me acostumei
Com sua pessoa autista...
E aprendi a amá-la profundamente.
Aguardarei...
Não sei se é pela outra pessoa.
Pois sempre,
Vivemos assim nesse
Nosso mundo particular...
E visitamos o outro sem muita dor.
Às vezes sou eu que me acho
Egoísta...
Em querer guardar-te da dura realidade
Que muitas vezes se veste de preconceito
Vivemos muitas vezes implorando
Que nos vejam além da matéria
Que consigam amar-nos em nossa diferença
Você acha que para o poeta é diferente!
Ou ele é louco, bêbado, drogado...
Ou é aquele ser esquisito que mal se encaixa
No cotidiano dessa sociedade egoísta.
Rezemos,
Para que não nos imponham
Uma naturalidade coletiva.
Dói-me a possibilidade
De que me esqueças
E talvez eu possa um dia perder-te...
Mas que incoerência
Nada nos pertence,
Nem a carne, nem o cerne da vida.
Por isso caro rapaz
Vamos seguindo nossa rotina
Vivenciando esse sentimento que demoramos
Um bocado para conseguir...
Pois o que já passamos
E o que já vencemos
Muro e pedras
Espinhos e rosas
Estará gravado em nossa história...
E ninguém
Poderá tirar de nós.
A esperança da cura
De uma doença
Não significa a cura de um ser.
Porque o que eu sou
E o que você é!
É muito mais profundo
Que um cérebro defeituoso...
E se eu tiver que decidir por você
Que o meu amor seja o mensageiro...
Autora
Liê Ribeiro
Mãe do Gabriel/TEA
Paz e luz
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