Não pensei nada demais! Meu filho.








Não pensei nada demais
A noite esfria lentamente
Gabriel se esconde na escuridão do quintal
Procura no céu sem estrelas
Vestígios de alguma chuva.

Assusto-me com seu vulto.
Porque a chuva o amedronta tanto?
Mas não sinto cheiro de chuva
O céu está encoberto.

Mas não virá nenhuma chuvarada.
Mas ele espera.
Ele precisa enfrentar seus medos, eu sei.
Digo-lhe que não haverá tempestade
Ele sorri.

Mas seus olhos atentos...
Ainda a procura no infinito
Preciso adormecer meu pensar.
Ele precisa crescer
Precisa compreender
Que o mundo não mudará por ele.


Que as nuances de alegria e tristeza
Fazem parte da nossa vida.
Às vezes procuro alguma lágrima
Em seu olhar...


Só para saber se ele sente
Não somente dor, mas emoção...
Mas seus olhos secos.
Perdem-se entre as nuvens.


Ele um cavaleiro sem lança
Um Lancelot sem Rei
Uma alma sem matéria densa
Frágil expressão de alegria


Uma ilha a ser habitada.
Um oceano e seus mistérios.
Pronto ele adormeceu
A paz pairou por entre a escuridão.


Apago a luzes...
Tranco as portas e os medos
Que fiquem lá fora todos os monstros.
Nunca desejei nada demais


Talvez reiniciar nossa trajetória.
Não há como?
Então sigamos,
Mas um dia se foi...


Não sei se foi bom ou ruim
Foi mais um legado
Para o amanhã que chegará
Irremediavelmente...


Quem sabe?
Esse amanhã sem medos,
Sem vazios, sem desproposito.
Chegue para ele também!


Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.


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