Autista&Poetisa



A poesia às vezes me castiga
Acorda-me em plena madrugada fria,
Mas em mim cada instante de vida
Sem a poesia não teria nenhum sentido

 
A poesia poderia ser a bíblia do amor ao próximo
A cura das dores internas,
A limpeza dos olhos turvos.
A voz do coração amante


A poesia tem envelhecido junto comigo...
E me faz sobreviver a mim mesma.
Olhar para os diferentes
Como se eles fossem iguais à poetisa.


Na verdade todos nós
Somos iguais nas diferenças.
Eu não sei se a poesia me ama,
Mas eu a amo profundamente.


Eu a vejo e sinto na chuva que caí
E molha a grama
Eu a vejo e sinto no orvalho da noite
Eu a vejo e sinto no céu estrelado
O amor de Deus ao universo
Eu a vejo e sinto no vôo da gaivota
Em plena praia deserta

Eu a vejo e sinto
Na lua nua a encantar as madrugadas
Fria e poderosa e nos enfeitiçar.


Eu a vejo e sinto
No mais profundo interior de mim.
E quando ela emergiu
Um vulcão a romper minha vida.


Nesse instante
Percebo que ser poeta
Também é uma forma diferente
De estar no mundo.

Talvez por isso
Eu me identifique tanto
Com o meu filho autista
Não posso afirmar
Que ser poeta e ser deficiente

Mas creia,
Nessa vida pelo menos
Não escolhi ser poetisa
Nem meu filho a ser autista
Autista & poetisa, casamento perfeito.


Autora
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.


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