O Dilema é?
Às vezes eu pergunto
Aos meus monstros interiores
O que eles querem de mim.Um ser coeso, um ser irritado.
Ou somente estão me testando.
Eu perdi meus passos hoje
Eles queriam ir por um ladoE eu fui para outro
Oh! Estrada que distancia cruel
Entre a paciência e a raiva
Ouço tanta bobagem
E tenho que fazer-me de surdaA solução do mundo
Não está nos papeis
Nem nas leis...
Está dentro de nós...
A solução para tristezaGotas suaves de alegria
A mesma rosa que encanta
Fere com seus espinhos.
Nossos corações.E a miséria humana
Desenha-se em intolerância
Oh! Saudade da infância
Onde correr pela chuvaFazia-nos tão feliz...
Um carinho roubado
É mais gostoso.
Um olhar sincero nos
Reconduz para trilhaA vida não deve ser tão fria...
A palavra não pode ficar solta
Se não ela fere...
Como navalha afiada em nossas gargantas.Pensar, beber a água da paciência
Para não cometer tantos erros,
Um risco,
E tudo se perdeE o dilema é!
O que você pensa nada.
O que me interessa!
Seu filho é um ser adultoPerdido num mundo ainda infantil.
Envelheceu e não cresceu
Que culpa a sociedade tem?
Pegue o seu bilhete de saídaE vá dando espaço
Para os que vêm chegando
E o dilema é!
Ele também já foi criançaPerdida em não ter direitos
E o tempo não o esperou
Foi seguindo sua lógicaE nós, além disso, envelhecemos
E a esperança vai arrumando a mala
E também se retirando de cena
Mas o dilema é!
Vamos corroendo nossos laçosQuebrando as resistências
E como somos teimosos
Vamos ficando, entrincheirados
Para defender o que parece indefensável.
Mas o dilema é!
Quem eles têm?A não ser nossa incoerência
De insistir, persistir
Em amá-los para jamais desistir.
Liê Ribeiro
Mãe de um rapaz autista.
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