Aprender dói...



Preciso juntar os pedaços
Você é único que me compreende
Faz arte, me olha e beija.
Numa inocência que irá me derreter.

Preciso organizar o mundo
Assim você fica mais feliz.
Preciso colar os cacos
Pois muitos caíram pelo caminho...

Preciso compreender
O seu incompreensível modo de ser
Que lhe toma, e às vezes me enlouquece.
Se te puxar pela lógica
Você como um coelho corre longe

Se eu te ganhar pelo desejo de amar
Amar sem expectativas,
Desfazer o mal feito...
Redirecionar os sentidos,
Você se aproxima.

Às vezes falo para ao nada
Às vezes a fala é solitária
Olhar, olhar falamos pelo olhar.
Repito, não aprendi a amar.

Às vezes não quero escrever nada,
Sentir nada, ouvir nada,
Será a morte?
Não somente o dia...

Pensa que é fácil?
Dura realidade  depender do outro
Você depende irremediavelmente
Que alguém lhe mostre o caminho
Que ele não seja o abismo
Onde querem jogar os autistas

Vire-se... Se der crie asas e voe...

Mas suas asas é sua mente

Ninguém compreende
Seus passos dependem dos meus
Sua felicidade depende do amor
Que o outro pode lhe dar

A cruel realidade do separar
A peça perfeita e a peça estragada
Mas a linha que separa a normalidade
Da deficiência.
É tão Tênue...

Mas há algo dentro de nós que persisti, insisti.
Não há como não sofrer
Mas o dia precisa ser vivido.
A lida precisa ser vencida

A paz precisa ser conquistada
Por isso lhe peço perdão
Por às vezes ser tão incoerente
E minúscula diante da sua grandeza!


Autora
Liê Ribeiro
Mãe do Gabriel/autista.

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